O que nunca te direi

"É por ti que sorrio ao recordar-te.
Choro por saber que não te tenho.
Não quero desistir.
Preciso de ti. Das tuas palavras. Do teu apoio. Daquilo que és para mim.
Do que significas. Que é mais do que aquilo que pensas.
Contigo não queria errar.
Quero poder dar-te um abraço forte. Um beijo sentido.
Dar-te tudo o que tenho.
Revelar-te os meus segredos. Contar-te os meus medos. Os planos. As aventuras. Os desejos...
Quero-te aqui.
Somos amigos. Conto contigo e contas comigo. Sim. Mas preciso de mais.
Fica comigo.
Sonho contigo. A esperança diz-me que também sonhas comigo. Se ela é a ultima a morrer, resta-me acreditar.
Deixas-me na dúvida. Mas em relação ao que sinto por ti só conto certezas.
Não faço de ti nenhum herói. Não vejo para além daquilo que és.
Persegue-me a culpa de não sentires o mesmo que eu.
Sentimento errante este que Sinto, e só assim o sei Sentir.
Com tudo o que tenho. Que é tudo aquilo que tenho p'ra te dar.
É isto o que sou. Não te quero criar ilusões.
Aceita. Podes cobrar. Não te deixaria sair a perder.
Por vezes sinto-me perto de ti. Outras vezes tão longe.
Choro lágrimas muitas vezes sem dor. Mas essa, quando vem, aperta demais o peito.
A vontade é tanta de te contar. Abrir o coração.
Mostrar-te até onde sou capaz de ir. Poder dar-te um pedaço de céu.
Tenho medo que ao saberes, te afastes.
O que iria fazer então? Sem as tuas palavras, o teu sorriso, o teu olhar.
O conforto que me dás. Da alma.
Os sorrisos que me roubas sem saber.
É por isso que prefiro a tua amizade a não ter nada.
Assim, encaro estas palavras como aquelas que nunca te direi."

Ela voltou a dobrar a folha que havia escrito e, em lágrimas, foi-se deitar.
O alívio enchia-lhe o peito.
Escrever aquelas frases deu-lhe coragem para mostrar o que sentia.
E agora, ao seu lado, estava deitado o homem a quem prometera um pedaço de céu.